segunda-feira, 16 de março de 2015

CUT SEM POVO



CUT SEM POVO
Ernesto Caruso
​ - 13/03/2015​
        Como se podia esperar o povo não compareceu. Pelas capitais se viu um desfile sem entusiasmo com alguma diferença nas bandeiras antes exclusivamente vermelhas da entidade. Vez por outra uma do Brasil.
       Do povo trabalhador, só o dinheiro descontado mensalmente em favor dos sindicatos aplicado no aparato com bandeiras, camisetas, carro de som a serviço do governo petista, da Dilma, da Petrobras, como se alienígenas a dilapidassem. E o governo não fosse o responsável.
       Bandeira da CUT que se faz ausente desde a ascensão de Lula à Presidência da República. Antes mobilizava massas inflamadas nas ruas e portas das fábricas.
       O povo não se engana por muito tempo. Percebe que os líderes sindicais do passado lutavam ao lado do trabalhador vestidos com o mesmo macacão sujo de graxa. Hoje, desfilam de terno e gravata nos corredores do Congresso Nacional, nas chefias e assessorias dos cargos em comissão bem remunerados. Acomodados na calmaria palaciana.
       Como inexpressiva manifestação coube aos comentaristas de plantão caracterizá-la como contrárias ao governo no seu planejamento com viés reivindicatório, mas na véspera milagrosamente mudou o foco a defender a Dilma contra o “golpe”.
       Não foi o que se viu na fase de ameaças como o chamamento de Lula ao “exército do Stédile”. Evidente que a CUT foi convocada para o espetáculo da sexta-feira, 13, em operação preliminar contra a marcha do dia 15 de março pró-afastamento da “presidenta”. O Fora Dilma. O Fora PT. Como meio de se poder salvar a Petrobras e fazer voltar à sociedade a tranquilidade, estabilidade e segurança que espera e custeia.
       Há que se reconhecer o fracasso mesmo com tanto recurso à disposição dos manifestantes. Quem sabe vão dizer que o boicote foi coisa da oposição. Como ocorreu no caso do panelaço referido ao Dia Internacional da Mulher. Panelaço foi feito pelos ricos, argumentam. Ricos não são atendidos pelo SUS, nem eles do governo que doentes vão ao Hospital Sírio Libanês. Ricos não usam os precários ônibus no caótico transporte urbano, não se socorrem do FIES para a formação dos filhos.
       Se também fizeram o panelaço é porque também não aceitam a corrupção de milhões de dólares, como confessam os seus autores como propina. Palavra repetida que todos viram nos depoimentos públicos.
       A comparar o que vai ocorrer no próximo dia 15 de março e constatar ou não a presença do povo.

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